quarta-feira, 4 de abril de 2018

Papoilas da Alma

Enquanto na planície o sol dançava,
Todos os seus desejos recresciam.
Pálida neve! O seu rosto nevava…
Seus olhos tristes às dores sorriam.

Da janela da noite suspirava.
Amores seus, proibidos, consumiam:
A seara infecunda que secava…
E as papoilas de génio que nasciam.

E quando a bruma o seu corpo levou,
Todo o Alentejo cantando a chorou:
Nos seus tão belos poemas de amor.

Mas se os amores lhe foram adversos,
Nem a morte apagou seus lindos versos
Soror Saudade, dor, Charneca em flor.
Florbela Espanca


E as papoilas de génio que nasciam

terça-feira, 3 de abril de 2018

Velhas Árvores

Olha estas velhas árvores, mais belas
Do que as árvores moças, mais amigas,
Tanto mais belas quanto mais antigas,
Vencedoras da idade e das procelas...
O homem, a fera e o inseto, à sombra delas
Vivem, livres da fome e de fadigas:
E em seus galhos abrigam-se as cantigas
E os amores das aves tagarelas.
Não choremos, amigo, a mocidade!
Envelheçamos rindo. Envelheçamos
Como as árvores fortes envelhecem,
Na glória de alegria e da bondade,
Agasalhando os pássaros nos ramos,
Dando sombra e consolo aos que padecem!

Olavo Bilac


ilustração de Nadja Sarell

segunda-feira, 2 de abril de 2018

Na Casa Defronte


Na casa defronte de mim e dos meus sonhos,
Que felicidade há sempre!

Moram ali pessoas que desconheço, que já vi mas não vi.
São felizes, porque não sou eu.

As crianças, que brincam às sacadas altas,
Vivem entre vasos de flores,
Sem dúvida, eternamente.

As vozes, que sobem do interior do doméstico,
Cantam sempre, sem dúvida.
Sim, devem cantar.

Quando há festa cá fora, há festa lá dentro.
Assim tem que ser onde tudo se ajusta —
O homem à Natureza, porque a cidade é Natureza.

Que grande felicidade não ser eu!

Mas os outros não sentirão assim também?
Quais outros? Não há outros.
O que os outros sentem é uma casa com a janela fechada,
Ou, quando se abre,
É para as crianças brincarem na varanda de grades,
Entre os vasos de flores que nunca vi quais eram.
Os outros nunca sentem.

Quem sente somos nós,
Sim, todos nós,
Até eu, que neste momento já não estou sentindo nada.

Nada! Não sei...
Um nada que dói...
Álvaro de Campos
Matisse

podia ser a minha casa!

domingo, 1 de abril de 2018

A mesa está posta...

em dia de festa!
Vamos celebrar um tempo novo! A primavera chegou, os dias ficam mais longos e claros, o sol brilha com mais intensidade e as plantas despontam numa explosão de cores e aromas.


Vesti a minha mesa de primavera e celebramos a vida, os reencontros, a família, a Páscoa!