Na
casa defronte de mim e dos meus sonhos,
Que
felicidade há sempre!
Moram
ali pessoas que desconheço, que já vi mas não vi.
São
felizes, porque não sou eu.
As
crianças, que brincam às sacadas altas,
Vivem
entre vasos de flores,
Sem
dúvida, eternamente.
As
vozes, que sobem do interior do doméstico,
Cantam
sempre, sem dúvida.
Sim,
devem cantar.
Quando
há festa cá fora, há festa lá dentro.
Assim
tem que ser onde tudo se ajusta —
O
homem à Natureza, porque a cidade é Natureza.
Que
grande felicidade não ser eu!
Mas
os outros não sentirão assim também?
Quais
outros? Não há outros.
O
que os outros sentem é uma casa com a janela fechada,
Ou,
quando se abre,
É
para as crianças brincarem na varanda de grades,
Entre
os vasos de flores que nunca vi quais eram.
Os
outros nunca sentem.
Quem
sente somos nós,
Sim,
todos nós,
Até
eu, que neste momento já não estou sentindo nada.
Nada!
Não sei...
Um
nada que dói...
Álvaro
de Campos
Matisse
podia ser a minha casa!
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