quarta-feira, 29 de agosto de 2012

Mar, metade da minha alma é feita de maresia...


 Pois é pela mesma inquietação e nostalgia, 

Que há no vasto clamor da maré cheia,

Que nunca nenhum bem me satisfez.

E é porque as tuas ondas desfeitas pela areia

Mais fortes se levantam outra vez,

Que após cada queda  caminho para a vida,

Por uma nova ilusão entontecida.



E se vou dizendo aos astros o meu mal

É porque também tu revoltado e teatral

Fazes soar a tua dor pelas alturas.

E se antes de tudo odeio e fujo

O que é impuro, profano e sujo,
É só porque as tuas ondas são puras.

Sophia de Mello Breyner Andresen

Sem comentários:

Enviar um comentário