Antes o vôo
da ave, que passa e não deixa rasto,
Que a
passagem do animal, que fica lembrada no chão.
A ave passa
e esquece, e assim deve ser.
O animal,
onde já não está e por isso de nada serve,
Mostra que
já esteve, o que não serve para nada.
A recordação
é uma traição à Natureza,
Porque a
Natureza de ontem não é Natureza.
O que foi
não é nada, e lembrar é não ver.
Passa, ave,
passa, e ensina-me a passar!
Alberto
Caeiro
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